Entrevista com Luiz Carlos Maciel – parte 11

LCM: Você sabe como foi a história daquela cena da escadaria?
D: Eu vi só o trecho que está no documentário.
LCM: Mas eu conto no documentário.
D: Que era pra não sei quem pegar no seu pau se ele quisesse ser um ator fodão. (Risos)
LCM: E o Glauber briga com ele porque ele não queria pegar. E o Glauber falava: “Como é que você quer ser ator?”
D: Mas foi muito rápido, depois de tanta preparação.
LCM: O Glauber filmou várias vezes…
CC: Corta! Não convenceu!
LCMJ: Mas isso te deu algum problema na época, ou foi tranquilo?
LCM: Problema nenhum.
LCMJ: Trabalhar com o Glauber.
LCM: Não, eu e o Glauber a gente se entendia muito bem, ele era de leão.
LCMJ: Você trabalhou no Pasquim desde o início, você é quase fundador do Pasquim.
LCM: Eu fui chamado por Tarso de Castro quando ele tava fazendo o jornal.
LCMJ: E qual era a sua relação com o pessoal do Pasquim? Porque eles eram um pouco mais ortodoxos, né?
LCM: Olha, a minha relação com o resto do pessoal do Pasquim foi meio esquisita no começo, porque eu não era tão famoso quanto eles, eu tava sendo mais ou menos impingido no esquema pelo Tarso. O começo não foi muito bom. Isso me lembra a piada do gaúcho que se casou e aí o estancieiro, o fazendeiro, depois de passar um tempo, perguntou: “Como é que é Pedro, como é que tá o casamento?”, e ele disse assim: “Olha, patrão, no começo não tava muito bom, mas depois foi piorando, piorando…” (Risos)
CC: Foi assim com o Pasquim?
LCM: No começo não era muito bom, mas depois foi piorando, piorando… Porque aí o Tarso inventou aquele negócio de eu fazer “Underground”, contracultura, e eles achavam tudo aquilo uma maluquice.
LCMJ: Pintou uma guerrinha dentro do Pasquim, né? Com a presença do Caetano, do Jorge Mautner, o Millôr muito brilhante.
LCM: Todos apoiaram o Millôr.
LCMJ: E aí teve uma hora que não deu mais.
LCM: Não, não…
LCMJ: E cana, prisão, teve também pra você?
LCM: Teve, fiquei dois meses lá vendo o sol nascer quadrado, na Vila Militar. Primeiro ficamos todos numa cela só, depois dividiram, eu fiquei mais tempo com o Fortuna e o Ziraldo… É um capítulo à parte.

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