Luis Carlos de Morais Junior e Eliane Colchete mostram poemas e textos ficcionais, ensaísticos ou de comentário sobre a sociedade e o mundo atual, e de todos os tempos. Aqui podemos ver trechos de livros já publicados ou inéditos, bem como obras em progresso, que eles estão escrevendo.
Texto da Semana
Nanahualtin, Nauallotl – as Histórias Alegóricas?
In Nawalli In Atlakatl
(El nagual no es humano)
O Nagual não é humano
Luis Carlos de Morais Junior (do livro Carlos Castaneda e a Fresta entre os MundosVislumbres da Filosofia Ānahuacah no Século XXI. Rio de Janeiro: Litteris, 2012)
Okse nechka…[1]
Abrimos o livro, e começa uma história.
Vemos um jovem, de idade indefinida, que tanto pode ser vinte e tantos quanto trinta e tantos anos, não é americano, mas mora nos Estados Unidos e estuda na UCLA, Universidade da Califórnia; esse rapaz viaja periodicamente ao México, com seu carro, para procurar um índio, Don Juan (mas, declara que esse não é o seu verdadeiro nome), e com ele aprender feitiçaria.
O jovem se chama Carlos, e sobre tal informação, também alega ser falsa. Em certo momento, quando Don Juan vai lhe apresentar seu companheiro de feitiçaria Don Genero, dirá algo assim: eu já lhe falei que nunca deve revelar o nome ou o local onde está um feiticeiro.
O texto do livro (que, na verdade, são vários, o mesmo aprendizado se desdobra, aprofunda e diferencia em cada novo volume) nos envolve.
O auto-retrado que Carlos pinta é de um rapaz de baixa estatura, que se considera inadequado, tímido, covarde, mal-sucedido nos trabalhos e estudos, não tem grana, é latino, e nem se sabe de onde ele é.
Parece não ter imaginação e, a cada nova revelação do aprendizado, ele vem com um monte de objeções do senso comum mais chocho; tem medo até da própria sombra, que dirá ficar sozinho na mata ou no deserto, ou encontrar com criaturas de “outros mundos”. Morre de pavor, a cada nova aventura.
E Don Juan é terrível, inclemente. E tem superpoderes, sendo, o menos escandaloso deles, talvez, ficar dias sem comer e beber água, andando pelo deserto, e tentando induzir Carlos a fazer o mesmo[2].
Ou, na preparação do uso da erva do diabo para voar:
/…/ Disse que ia deixá-la ali até o dia seguinte, porque seriam necessários dois dias para preparar essa segunda porção. Disse que, enquanto isso, eu não comesse nada. Podia beber água, mas não podia ingerir nenhum alimento.[3]
No capítulo seguinte, ao preparar a mistura que Don Juan chamava de “fuminho”:
Na quinta-feira, 26 de dezembro, tive minha primeira experiência com o aliado de dom Juan, o fumo. O dia todo andei de carro com ele, e trabalhei para ele. Voltamos para casa à tardinha. Mencionei que não tínhamos comido nada o dia todo. Não se preocupou nem um pouco; em vez disso, começou a dizer-me que era essencial que eu me familiarizasse com o fumo. /…/[4]
E haveria vários outros exemplos, ao longo da obra, do desprezo de Don Juan pela rotina da alimentação.
O velho índio o vai fazendo passar por todas as provações, que quase enlouquecem Carlos, e fazem-no sempre se sentir muito mal, fisicamente, depois.
– Confie em seu poder pessoal – falou, em meu ouvido. – É isso tudo o que temos neste mundo misterioso. /…/
Quando Dom Juan acabou de me dar todas essas instruções, eu estava praticamente em pânico. Agarrei-o pelo braço e não o queria largar. Levei dois ou três minutos para me acalmar o suficiente para poder pronunciar as palavras. Um tremor nervoso corria pelo meu estômago e abdômen, impedindo-me de falar coerentemente.
Numa voz calma e baixa, disse-me para eu me controlar, pois a escuridão era como o vento, uma entidade desconhecida à solta, que poderia pegar-me se eu não tivesse cuidado. E eu tinha de ficar inteiramente calmo para poder lidar com ele.
– Você deve entregar-se, para seu poder pessoal poder fundir-se com o poder da noite – falou em meu ouvido. Depois, explicou que ia passar à minha frente; e tive outro acesso de um medo irracional.
– Mas isto é loucura – protestei.
Dom Juan não ficou zangado nem impaciente. Riu baixinho e sussurrou uma coisa em meu ouvido que eu não entendi bem.
– O que foi que você disse? – perguntei alto, os dentes batendo.
Dom Juan tapou minha boca com a mão e disse, cochicando, que um guerreiro agia como se soubesse o que estava fazendo, quando, na verdade, não sabia nada. Repetiu uma frase três ou quatro vezes, como se quisesse que eu a decorasse. Falou:
– Um guerreiro é impecável quando confia em seu poder pessoal, sem considerar que ele seja pequeno ou grande.[5]
Por outro lado, Carlos tem experiências maravilhosas.
Vê um universo novo e gigantesco, muito maior do que estava acostumado, e ele e seu mundo crescem página a página, com cada experiência ou aprendizado que faz.
Todo capítulo, pequeno ou grande, dependendo do livro, é uma catarse completa, geral, genial. Cada frase, quase, é uma supermartelada nietzscheana (Deleuze dirá, espinosista).
E o fato de Carlos ser um homem comum, sem especiais força, beleza, inteligência ou coragem, ou, pelo menos, se retratar assim, o tempo todo, na obra, como um Sancho Pança que vira Dom Quixote, quase sem querer, esse fator nos envolve totalmente.
E o leitor, que se julgava burro, inadequado, medroso (mas, não tinha coragem de confessar isso a ninguém), sente-se o próprio protagonista dos fatos extraordinários que lê, dos “contos de poder” que Carlos lhe conta. E intui que o aprendizado é possível, para ele, também.
O livro jorra revoluções, nas revelações éticas libertadoras e superpotentes, junto com técnicas curativas para o corpo e a alma, e uma explicação sobre como é o universo (ontológica), que não deve em nada a todas as visões místicas orientais e ocidentais que conhecemos, e que pode ser perfeitamente sintonizada e sincronizada com o estágio que a ciência alcançou nos Séculos 20 e 21 (física quântica, relatividade geral, teoria da supercordas).
“Carlos Castaneda foi um dos pensadores mais profundos e influentes do século XX. Suas idéias estão definindo a direção da futura evolução da consciência humana. Todos nós lhe devemos muito”.
Deepak Chopra
/…/
“Somos incrivelmente afortunados em ter os livros de Carlos Castaneda. Tomados em conjunto, formam uma obra que está entre o melhor que a ciência da antropologia já produziu”.
The New York Times[6]
Mas, veja bem, este não é um relatório de certezas; esta é a saga das minhas perplexidades, ante a sua obra.
Que é somente a ponta de um iceberg.
Carlos Castaneda fez algo duplamente revolucionário, em seu trabalho de campo e relato.
Ele mudou não só os conceitos de ontologia, feitiçaria, antropologia e ciência social, como enriqueceu e tornou possível um complexo conhecimento genuíno das civilizações americanas pré-colombianas, não marcado pela visão eurocêntrica, mas deixando a tradição falar por si mesma. Segundo suas palavras: “O sistema de crenças que vim estudar me devorou”.
O outro lado da sua revolução é que ele trouxe uma possibilidade de evolução real para o ser humano, enquanto espécie e enquanto indivíduo (conectados e ao mesmo tempo independentes), através da possibilidade de nos relacionarmos com o nauallotl (o nagualismo).
Há quem defenda que ele fazia uma antropogia emic, mas, penso que a coisa vai muito mais além, bastante, mesmo.
Emic é uma visão antropológica feita em termos significativos para o agente que as realiza, a forma como inconsciente ou conscientemente o sujeito pesquisado explica para si e para a sua sociedade os motivos do costume, “descrição de dentro”.
Opõe-se à abordagem etic (que não se traduz como “ética”, se mantém, em português, na forma “etic”), que é uma “descrição de fora”, quer dizer, como os eventos e valores são observados por qualquer observador, desprovido da intenção de descobrir o significado que os agentes envolvidos lhes dão.[7]
(O Professor Clement) Meighan limpou a garganta e olhou para o tabuleiro. “Eu o conheço desde que ele era um estudante de graduação aqui, e estou absolutamente convencido de que ele é um pensador extremamente criativo, e que ele está fazendo antropologia. Ele está trabalhando em uma área de aprendizagem cognitiva, com todo o cruzamento cultural. Ele colocou a mão em coisas nas quais nenhum outro antropólogo foi sequer capaz de tocar, em parte por sorte, em parte por causa de sua personalidade particular. Ele é capaz de obter informações que outros antropólogos não conseguem, porque ele se parece com um índio e fala espanhol com fluência, e porque ele é um ouvinte inteligente”.[8]
(O mesmo professor Meighan, sempre tão meigo com Carlos, que o ajudou tanto e sempre o defendeu, o convidou para fazer um filme acadêmico sobre a pintura dos índios nas rochas, em sua casa em Topanga. Carlos foi, foi divertido, “it was such a picnic”, mas ele sempre se lembraria do filme no qual só aparecem suas mãos, preparando material de pintura rústico e pintando, um artista “neolítico”. Isso foi logo depois do lançamento do seu livro de estreia.[9])
Outros defendem que Castaneda fazia parte da tradicional prática dos feiticeiros “story tellers”, contadores de histórias, que curam e evoluem as pessoas com narrativas fabulosas (Margaret Castaneda conta que Douglas Shanon lhe disse: “Eu tenho a impressão de que Carlos é um mestre contador de histórias e isso é típico para muitos peruanos”[10]). Esse me parece o caso especialmente de Kay Cordell Whitaker[11], que assumidamente é uma xamã contadora de histórias e performer de cânticos curativos.
Porém, de novo, Carlos nos traz algo mais.
Seu quarto livro se intitula Tales of Power, “Contos de Poder” (que, na tradução em português no Brasil, de forma estapafúrdia, ficou como Porta para o Infinito), mas estes, os contos, são um passo do processo; a sua pesquisa ontológica vai muito mais além, a obra citada justamente criticando o guerreiro que se contenta só com “los cuentos”, “the tales”, as histórias, ou estabelecendo o quanto os contos de poder são como tocar na superfície do aprendizado (em Tales of Power, fala em “Testemunha dos atos de poder”, é o nome de uma das três partes, a inicial; sendo as outras duas: “O ‘tonal’ e o ‘nagual’” e “A explicação dos feiticeiros”).
Anunciou ainda um livro que seria escrito por Carol, a naguala, chamado Tales of Energy, “Contos de Energia”. Mas este, que talvez não tenha sido feito, ainda, não sabemos o que a dupla de Nanahualtin (naguais) pensava que ele seria, ou queria que ele fosse.
Já no seu The Active Side of Infinity[12], O Lado Ativo do Infinito, por outro lado, fala em “álbum de fatos memoráveis”, coleção de histórias reais da vida da pessoa, que servem como aberturas para o intento e como guias para o aprendizado.
Semelha que Martin Goodman tenha buscado fazer algo assim no livro I was Carlos Castaneda[13], a quem Martin encontra nos Pirineus franceses, logo depois da morte de Carlos, e que lhe pede o tempo todo que conte histórias de sua vida, que têm um significado revelador para ele, Goodman, e, consequentemente, para o leitor.
Carlos César Salvador Aranha Castaneda, segundo ele mesmo, nasceu no Brasil, em 25 de dezembro de 1935, no extinto município de Juqueri[14], hoje Mairiporã[15], no estado de São Paulo, e falam que era sobrinho de Oswaldo Aranha[16].
Porém, a pesquisa de uma repórter da revista Time, realizada em 1973, junto à imigração, o coloca como tendo nascido em Cajamarca, no Peru, nos mesmos dia e mês, só que em 1925. Margaret Runyan Castaneda declara que (ela acha que) ele nasceu no dia de Natal, em Cajamarca, só que no ano de 1926.
Ela mesma, Margaret, nasceu em Charleston, West Virginia, Kanawha County, em 14 de novembro de 1921. Ela e Carlos se casaram em janeiro de 1960, se separaram em julho do mesmo ano, mas só se divorciaram legalmente em 17 de dezembro de 1973.
Sobre ser sobrinho de Oswald Aranha, vemos no livro de Margaret Margaret Runyan Castaneda, A Magical Journey with Carlos Castaneda[17], que ele mesmo lhe contou isso várias vezes, assim como a muitos outros amigos e conhecidos.
A ficha catolográfica de A Erva do Diabo (23ª ed, 1993)[18] no Brasil traz 25 como sendo a data de nascimento; eis as minudências da catalogação: ISBN 85-01-007 19-6; 93-0997; CDD – 299.792; CDU – 299.77. Vem assim classificado:
1. Castaneda, Carlos, 1925– . 2. Juan, Don, 1891-1973. 3. Índios Yaqui – Religião e mitologia. 4. Alucinógenos e experiência religiosa. 5. Conscientização. I. Título.
É claro que, no mínimo, a informação da Time está errada; muito provavelmente, todas.
Seguindo a ordem do regulamento que propõe apagar a história pessoal, ele tinha obrigação de não contar seus dados verdadeiros, nem deixar que eles fossem encontrados.
Logo, ele pode ter qualquer nome, e ter nascido em qualquer lugar da América do Sul, ou do mundo. Em uma entrevista, fala algo que nos dá a ideia de que ele poderia ser chileno:
Deixa de ser homem, macho latino, afrouxa as rédeas. Tua mãe te fez crer que eras extraordinário, porque eras um homem do Chile. Te ensinaram que as mulheres são para teu uso, como dizia Aristóteles: as mulheres são homens aleijados. O fato de que muitas mulheres, e Carol Tiggs, sejam melhores que eu, isso é revolução.[19]
Há uns indícios perturbadores, como, por exemplo, sua competência linguística. Várias pessoas que conversaram com ele testemunham que Carlos falava com pronúncia e gírias nas línguas: inglesa, como americano e como latino (pode-se ouvir sua voz numa entrevista de rádio, com duração – editada – de 10 minutos, gravada com ele no site http://www.youtube.com/watch?v=3ihfeOpyTDc; ao ouvi-la, pelo seu sotaque, eu diria que ele é hindu!); espanhola, como peruano, chileno, argentino e mexicano; portuguesa, às vezes como brasileiro, e às vezes como português, de Portugal. Além disso, sabia jargão, hinos nacionais, cantigas folclóricas e canções infantis de todos os países latino-americanos (às vezes; para Ana Catan fingiu não saber).
Margaret Runyan Castaneda, que foi sua amiga, namorada e esposa, antes da fama, refere a admiração de Carlos pelo poema epicurista De Rerum Natura (Sobre a Natureza das Coisas, século I A.C.), de Tito Lucrécio Caro, que, segundo ela, ele estudava, e ainda comenta:
Se ele falou para algumas pessoas que ele era da terra de Lucrécio (Itália), também disse que era do Brasil, e tornou claro para mim que estava a par dos clássicos daquele país da América do Sul. No outono, me deu um dos seus álbuns, Bachianas Brasileiras nº 5, uma suíte de Villa-Lobos, uma coleção de canções populares brasileiras, com cinco árias de Puccini do outro lado. A suíte e as canções folclóricas eram em português, e Carlos parecia entender a linguagem, como aconteceria se tivesse vindo do Brasil. Até 1960, ele recebia cartas regulares de seu lar, e eu nunca prestei atenção se elas estavam ou não em português. Ele sempre as lia para mim em inglês, então eu nunca soube. [20]
Por outro lado, talvez ele tenha escondido a verdade, como no conto “A carta roubada” de Edgar Allan Poe, que também podemos ler em francês “A carta/letra roubada/escondida”, numa análise de Jacques Lacan[21]. Carlos pode ter apagado a sua história pessoal. contando-a realmente, sendo ele mesmo um brasileiro, e o afirmando, ninguém acreditaria que ele o era, como no caso da carta do conto, que estava o tempo todo à vista, e por isso quem a procurava em um esconderijo não a via.
No relato de Ana Catan, seu benfeitor (dela) Cesar realiza a espreita o tempo todo, como quando duvida bruscamente da seriedade de “Carlos Castaneda”:
– Você é muito tola, Ana… o que este homem escreve não passa de ficção científica!
Aquela parte obscura do meu ser teve a sensação de ter perdido uma magnífica oportunidade. A parte mais superficial teve uma crise de raiva. Comecei a gritar que Castaneda era de uma honestidade sem limites. Que seus livros relatavam somente a verdade. E que eu tinha certeza que tudo aquilo era possível.
Sem me interromper, ele esperou que eu terminasse e depois respondeu com um muxoxo de desprezo:
– Como é que você pode ter certeza?… Ninguém sabe quem é este homem!
Eu não podia contra-argumentar. A minha fé inabalável naquela verdade estranha não era suficiente. Eu precisava de provas. E não havia. Senti que estava desmoronando e tive uma violenta crise de choro. /…/[22]
Ana nos conta que conheceu Carlos Castaneda com o nome de César Pagliardi, na cidade de São Paulo, no início da década de 90, e ele iniciou-a no aprendizado, e manteve uma relação amorosa com ela.
Ficava muito tempo distante, e ela começou a desconfiar que ele fosse Carlos Castaneda, para quem escreveu uma carta, e de quem recebeu uma chamada telefônica, depois. Num sonho, Carlos e as guerreiras apareceram para ela, dizendo-lhe urgentemente alguma coisa, mas, parecia que eles falavam em uma outra velocidade, e ela não conseguia entender. Com gestos, então, eles lhe ordenaram que escrevesse um livro, contando as suas experiências com César/Carlos.
Diz-se, por exemplo, que houve outro Carlos Castañeda que nasceu no Peru, havendo assim confusão quanto a seu nascimento e dados pessoais.[23]
Algum peruano, nascido em 1925, entrou nos Estados Unidos, e esse se chamava Carlos Castañeda (com til no ene). Desse nada se sabe mais, o rastro se perdeu. Nosso herói era brasileiro, nasceu em 1935, e se chamava Carlos Aranha, ou melhor, Cesar Aranha; talvez.
Assim é a espreita: ele contou a sua verdade o tempo todo, e a maioria não acreditou.
Havia um historiador, não muito famoso nos Estados Unidos, quando nosso autor lá chegou, chamado Carlos Castañeda: pode ser que tenha sido dele que tomou o nome, falso, ao se registrar na imigração; e, para se diferenciar, tirou o til do n, inventando um novo, que seria como os anglófonos grafavam aquele, realmente espanhol, já que não possuíam em suas máquinas de escrever e compor tipos a letra hispânica ñ, na época.
Esse raciocínio eu desenvolvi, bem como o de que o seu verdadeiro nome talvez seja César Salvador Aranha. E bem consoante com a espreita (ou representando a ligação total entre o tonal e o nagual, e ainda Quetzalcóatl, a Serpente Emplumada, a mesma Nahualpiltzintli, o Príncipe dos Naguais, a integração da Serpente e da Águia), ele se apresentou a certa altura como Carlos César Araña Castaneda, tendo espanizado o patronímico português Aranha, o qual aparece assim, referindo-se a ele, em português, com nh, mesmo em fontes hispânicas; a wikipedia em espanhol escreve Aranha, e ainda acrescenta o prenome, Salvador.
Gosto de pensar em Carlos Castaneda como sendo César Salvador Aranha.
No entanto, ele mesmo declara na carta que escreveu a Robert Gordon Wasson, em 6 de setembro de 1968, que seu verdadeiro nome é Carlos Aranha (bem como que o de Don Juan seria realmente Juan; afirma, no mesmo documento, que reproduzo no Anexo C, que não conseguiu mudar o nome, tão marcante, de seu mestre). Em vários outros momentos, como seminários, reafirmou Carlos Aranha como sendo o seu nome.
Florinda lhe dedicou Shabono assim: “Para a aranha de cinco patas/que me carrega/em suas costas”, dando a entender que seu nome real é Aranha.
Mas, é claro, o substantivo pode ganhar aí uma carga metafórica, aquele que enreda.
As cinco patas poderiam se referir ao fato secreto de que, aparentemente, segundo se sabe hoje, o grupo novo de nagual de três pontas de Carlos talvez se constituísse de cinco elementos: ele mesmo, Florinda Donner-Grau, Taisha Abelar, a mulher nagual (naguala) Carol Tiggs (que depois se nomeou Carolina Aranha, com nh, no site da Cleargreen em espanhol, dando a entender que utilizava a forma em português[24]), e a muito secreta Joan Baker (esta especulação é totalmente minha, parece que foram grandes amigos, e moraram todos em casas geminadas).
Há outros elementos que aparecem depois, que seriam como novos grupos, não lineares, já que a reprodução facultada pelo nagual de três pontas é radial[25] e multiplicadora: Blue Scout, isto é, o Batedor Azul, ou a Batedora Azul; Orange Scout, o Batedor Laranja, ou a Batedora Laranja; as Chacmoles[26], os aprendizes ou ouvintes mexicanos, os que participaram dos seminários pelo mundo, os leitores praticantes etc. (Os scouts, batedores ou exploradores, são os verdadeiros aliados, pois são SI que vêm de outras regiões do espaço, e seu encontro com os seres humanos resulta ser produtivo; SI da banda gêmea de faixas de emanção da nossa, orgânica, não são considerados como Ally, aliado, porque são muito parecidos conosco, e não produzem evolução ou aprendizado no guerreiro).
Por outro lado, há outra hipótese: Carlos seria, ou poderia vir a se tornar, depois de transpassar a segunda e a terceira atenções, um nagual de cinco pontas? Seria a isso que ela se refere? Esta leitura é muito ousada, mas cheguei a pensar nisso: Aranha de cinco patas, nagual de cinco pontas.
Na física existem as forças elásticas (que alongam o corpo sem moldá-lo) e as forças plásticas (que moldam o corpo). Penso que o energético biológico é uma terceira força, que implica em características das duas, concomitante e simultaneamente. Quer dizer, a energia vital tanto se adapta quanto se transmuta (e aqui temos uma nova hipótese evolucionista, que apresento, no estilo de A Evolução Criadora, de Henri Bergson[27]).
Don Juan dizia para Carlos e ele nos falou que, devido ao domínio que a humanidade tem sobre outras espécies animais, não era mais possível a evolução biológica da espécie pelo processo convencional[28]; que, agora, a evolução deveria ser no campo da consciência. Como sempre foi, aliás. E que esta pode se dar, tanto no plano individual como coletivo (e este, tanto enquanto um grupo maior ou menor, quanto como espécie).
Há indícios de que a força vital é tanto plástica quanto elástica. Assim, o dom ou presente da águia tanto é entrar em terceira atenção espontaneamente (ou através do esforço do aprendizado) quanto já nascer duplicado, um nagual de três a cinco pontas, ou se tornar um (outra teoria minha: todos nascem “naguais” de duas pontas, alguns abençoados nascem duplicados em 3, 4 e 5, mas o esforço pode fazer uma alteração plástica do casulo).
A mestra Florinda disse a sua discípula:
– Ser um bruxo, um mago ou uma feiticeira não significa ser um nagual. Mas qualquer um pode se tornar um deles, a partir do momento em que ele ou ela se tornam responsáveis por um grupo de homens e mulheres e em que encaminham este grupo para um envolvimento em uma questão específica do conhecimento.[29]
Depois que o grupo de Don Juan entrou em terceira (ou segunda) atenção, dona Florinda ficou para guiar Carlos, Carol, Florinda moça e Taisha Abelar, e talvez também o grupo de homens (Pablito, Benigno e Nestor) e mulheres (Elena, Rosa, Lidia, Josefina e, talvez, La Soledad), que tinham sido o primeiro grupo de Carlos, quando todos viam que ele era um nagual de quatro pontas (que ele não era, o falsário).
Carlos não devia sentir tanto o peso de a imprensa, a academia e o público desconfiarem que ele era um vigarista, porque ele se sentia assim mesmo, pois foi acolhido no ninho do nagual, e não pôde corresponder, pois era um nagual de três pontas, que levou o grupo de Don Juan ao fim (e fez com que seus segredos fossem revelados). Aliás, todos nos sentimos assim, sempre.
Por isso, Pablito tentou se tornar um nagual, e, segundo as irmãzinhas, isso teria sido possível, se ele tivesse tido poder pessoal suficiente.
E Florinda, a mestra, se torna naguala dos jovens, depois que Don Juan se foi.
– Quando morreu Dom Juan?
– Em 1973.
– Você tomou conta do grupo após sua morte?
– Não. Dona Florinda, a companheira de Dom Juan, continuou guiando-nos até que ela mesma se foi.
– Quando ocorreu a morte de dona Florinda?
– Em 1985. Florinda – e indica Florinda Donner – adotou o nome como lembrança dela.
Agora compreendo por que durante a refeição Castaneda se referiu às vezes a ela como “Gina”; provavelmente é o seu nome verdadeiro.
Florinda Donner já se assinou assim em seu livro /Shabono/, publicado três anos antes da morte de dona Florinda. A troca de nome enquanto a companheira de Dom Juan ainda vivia sugere mais um sinal de continuidade do que uma lembrança da ausente.
Florinda ficou pouco tempo ao lado de Dom Juan; apesar disso, e a julgar pelo respeito e cumplicidade com que Castaneda a trata, ambos pareciam compartilhar a dedicação “às premissas da bruxaria”. Mas Castaneda não pôde iniciá-la, já que ele mesmo declara não ser um mestre. A explicação talvez seja de que a frágil e discreta Florinda Donner foi aprendiz de dona Florinda, que transmitiu, numa época, seus conhecimentos ao próprio Castaneda.
Essa anciã foi nagual e mestra do grupo durante doze anos.[30]
O nagual de cinco pontas (e a quarta e quinta atenções) são revelados por Domingo Delgado Solórzano em El Nahual de Cinco Puntas. Essa é uma realização, depois da terceira atenção, e uma possibilidade aberta aos nanahualtin (naguais) de três ou quatro pontos, o que nos leva a pensar que Carlos não seria, mas poderia se tornar um.
A capa de seu livro, que tem design do próprio Domingo, na primeira edição original, financiada por ele mesmo, traz um intrigante desenho (um dos hieróglifos e inscrições da Cueva de Pom–Arum), que desencadeia o intento e é um mapa para a quinta atenção: Montes & Montes Salazar # 91. Na contrapaca, com outro enigmático desenho, ele mesmo esclarece:
O conhecimento cosmogônico e cosmológico legado por nossos antepassados permanece escondido, esperando que a roda do destino gire de novo do materialismo social, até a percepção da energia.
Enquanto isso, o Poder de perceber decidiu nos mostrar um caminho que nos conduza ao encontro com o outro ser que existe dentro de nosso corpo paralelo.
Os nahuas do município de Aquila, Michoacán, nos Estados Unidos Mexicanos, praticam várias disciplinas cuja tradução seria Nahualogia ou Percéptica.
Perceber a energia tal qual é e viajar nela; um destino maravilhoso. Expandir sua capacidade perceptiva até formar com o seu ovo luminoso um gigantesco ponto de encaixe e, por sua vez, ir estendendo-o até o converter na totalidade, para ser parido na quinta atenção, onde moram as águias, como mais uma delas.[31]
(Em The Art of Stalking Parallel Perception, Lujan Matus também coloca hieróglifos que servem para a espreita e o intento: “The Hieroglyph of Haunted Awareness” e “The Hierophyph of Inner Light”[32], que são esquemas/diagramas e portais, bem diferentes daqueles de Domingo, e no entanto estranhamente semelhantes; pois advêm todos do intento tolteca.)
Ao ler Domingo, depreendo que as pontas são os pontos de aglutinação, que o homem comum tem dois, e que o nagual pode ter três, quatro ou cinco (esta conta é minha, pois cheguei à conclusão de que o casulo tem no mínimo dois pontos de encaixe, e vou explicar isso melhor daqui a pouco).
Em seu site, Domingo nos explica que a:
Percéptica é a ciência da percepção. Divide-se em três nahualogias: a energia primária secundária individual ou consciências inorgânicas e orgânicas, a constante vibratória proporcional dos corpos ou o universo infinito de LUGAR e o universo finito-lineal e a cosmogonia e cosmologia nahualteca ou a civilização primigênia. (Os nahualtecas de Aztlania, hoje Antártida, a primeira civilização de Zápoda, hoje a terra; cujos descendentes chamúes, quéchuas, olmecas, teotihuacas, mayas e astecas desenvolveram a toltecachtl ou filosofia primigênia e a energia vibratória para transcender os portais atencionais e a nahuatlaca, ciência auxiliar da percéptica que estuda os nahuais de três e quatro pontas e o nahual de cinco pontas, primário independente, secundário adicional e o ponto de encaixe artificial.)[33]
Carlos Castaneda teve muitos outros nomes, e isso faz parte da eminência de um nagual, da sua estratégia de apagar a história pessoal, de se tornar fluido e imprevisível até para si mesmo, da sua configuração energética global que inclui características das quatro direções (norte, sul, leste, oeste), dos três tipos de homens (de ação, de conhecimento e por trás dos bastidores) e das duas famílias de um grupo: os sonhadores (na espreita dos nomes do grupo de guerreiros de Don Juan, a família Donner, ou Donner-Grau, à qual se filiam Florinda e Carlos) e os espreitadores (Abelar, subgrupo da Taisha). Semelha que Grau também seja o nome da família dos espreitadores no grupo de Don Juan, o que complica tudo, porque, se for assim, Florinda apensou os dois sobrenomes, das duas famílias, ao seu. Pois a mestra de espreita de Taisha é Clara Grau, espreitadora.
O norte é força, vontade; o oeste é sentimento, poder; o sul é crescimento, testemunho; e o leste é ordem, pesquisa (os tipos de guerreiras, sonhadoras e espreitadoras, de cada uma dessas direções trazem as suas características).
Carlos afirmava, nos seus tempos de professor da UCLA recém famoso, sobre os quatro ventos de um nagual, as quatro guerreiras que lutam com ele a batalha (com os aliados, para encontrar a fresta entre os mundos, para penetrar na segunda atenção etc). Essa informação aparece no livro de Margaret, e acontece no livro Uma Estranha Realidade, com a metáfora das armas e escudos do guerreiro.
Há uma sonhadora do sul e uma espreitadora do sul, que têm como características o crescimento e o testemunho; e assim sucessivamente.
Os tipos de guerreiros homens são: de conhecimento (Leste), pesquisa; de ação (Norte), vontade; por trás dos bastidores (Oeste), poder; mensageiro (Sul), assistente, testemunha.
Os mensageiros podem ser homens ou mulheres.
No grupo de Don Juan, como relatado por Carlos Castaneda, Juan Tuma era um mensageiro. O mensageiro do grupo de Carlos seria o brilhante guerreiro Eligio, que, segundo nosso autor nos conta, se decepcionou com ele, por não ter conseguido acompanhá-lo para ver a glória – sendo assim o primeiro a perceber que na verdade Carlos não era um nagual de quatro pontas, não era para eles (o Segundo círculo de poder, os aprendizes de Don Juan).
Vicente Manuel era um homem de conhecimento[34], um estudioso e erudito, especialista em cura e plantas.
Genaro um homem de ação, que não se explicava muito bem falando, mas fazia proezas com seu corpo físico e com seu corpo sonhador, e induzia efeitos de medo e movimentação do ponto de encaixe nos aprendizes (especialmente em Carlos, pois ele era o seu benfeitor, “benefactor” em espanhol, aquele que lhe mostra o nagual; enquanto Don Juan era seu mestre, aquele que ordena a sua ilha do tonal).
Don Juan (mesmo sendo o nagual de seu grupo) e Don Genaro seguiam as diretrizes de Silvio Elia (o homem por trás dos bastidores do grupo de Don Juan) no aprendizado de Carlos, por vários motivos (um nagual nunca fica oficialmente na frente de nada, sempre espreita a espreita), entre estes, o fato de eles “verem” que Carlos não era um nagual de quatro pontas, um verdadeiro sucessor de Don Juan.
Os nanahualtin (naguais) também ganham um sobrenome do subgrupo de sua família, isto é, sonhadores ou espreitadores, por terem mais facilidade com uma das duas técnicas.
Carlos era Donner, Don Juan Abelar etc (pode ser que haja alternância na liderança, em relação à preponderância das gerações). Mas, na verdade, essa divisão é eminentemente feminina; e um nagual é o centro, aglutina tudo, tem todas as características. Um nagual é muitos homens num só, tem um nome para cada ocasião, ou pessoa ou situação. Essa é uma manifestação da sua espreita.
Florinda conta em Sonhos Lúcidos[35] que o grupo de guerreiras do nagual Don Juan chamava Carlos de Isidoro Baltasar para ela, assim como ela deveria nomear Don Juan como Mariano Aureliano (Florinda publicou três livros – nos outros dois cita brevemente Don Juan e sua mestra Florinda -, este é o melhor; Taisha um só; os livros delas são muito importantes, por comprovarem ou pelo menos servirem de testemunho do aprendizado de Carlos, por iluminarem outras facetas do grupo de Don Juan, e por trazerem informações sobre o aprendizado feminino, para a espreitadora, Taisha, e para a sonhadora, Florinda. No entanto, todas as obras ligadas à de Carlos não chegam aos pés das dele, no que tange à profundidade, polissemia, inovação, choque, [r]evolução e “benfeitoria”).
O próprio Carlos nos revela em entrevistas (como, por exemplo, Conversando com Carlos Castaneda, para Carmina Fort) que durante muitos anos foi um trabalhador latino e humilde, chamado José Luiz Cortes, Joe Cortes, identidade sob a qual foi cozinheiro de uma lanchonete por certo período, por exemplo.
Por um lado, o homem de conhecimento deve cultivar a sua própria pluralidade, ele é muitos em um só, porque tem acesso a outras posições do seu ponto de encaixe[36] e, consequentemente, a outras emanações que estão dentro de seu casulo, mas que não são usualmente utilizadas: 1 – por ele, 2 – pelos seus relacionados e relacionamentos, 3 – pelo seu entorno, 4 – pela sua época, 5 – pela sua região, 6 – pela humanidade; mas que são reais, e estão ali, e ele pode acessar, através da sua disciplina.
É a foto do historiador Carlos Eduardo Castañeda, que foi divulgada por seus associados, para a imprensa, quando da sua morte ou mudança de atenção, em junho de 1998 (o passamento de Carlos Castaneda, nosso autor, aconteceu dois meses antes, 27 de abril).
Carlos Eduardo Castañeda nasceu em Camargo, Tamaulipas, México, a 11 de novembro de 1886. Era professor da Universidade do Texas e Austin.[37] Um de seus livros importantes foi The Mexican Side of the Texas Revolution, O Lado Mexicano da Revolução do Texas.[38]
Até hoje muitos sites mostram esta foto como sendo a do nosso autor, aliás, há duas versões, que são apresentadas como sendo dele, um jovem e um maduro, ambas de Carlos Eduardo Castañeda.
Há ainda a foto de Carlos Mauricio Castañeda, jornalista, que nasceu em Cuba, em 1932, e morreu em Lisboa, Portugal, em 2000. Alguns sites atribuem esta foto ao nosso Carlos Castaneda.[39]
Há também registros fotográficos do casamento a que o nosso Carlos compareceu, junto com Joan Baker; aquela do livro de sua ex-esposa Margaret Runyan Castaneda, A Magical Journey with Carlos Castaneda, publicado em 1997, dele com o filho de Margaret e seu adotivo Adrian Vashon, também chamado C. J. Castaneda, e dele, na própria formatura, com beca, e ainda outra, escondendo parcialmente o rosto com a mão, estas duas divulgadas na entrevista da revista Time.
Amy Wallace reproduz estas fotos, e acrescenta uma em que ela é beijada no rosto por Carlos, mas este está de costas, no seu livro Sorcerer’s Apprentice. Ela ainda coloca a foto da folha de rosto de A Separate Reality; further conversations with Don Juan, Uma Estranha Realidade, na primeira edição original (da Simon and Schuster, New York), com uma dedicatória autografada de Carlos para ela:
Para Amy Wallace
com os melhores votos.
“O caminho para a liberdade algumas vezes é um sussurro no ouvido”,
don Juan disse isso.[40]
A frase é boa, intrigante, como tudo que vem de Carlos, sempre, em cada entrevista, em cada conversa que ele não sabia que iria ser reproduzida, sempre a mesma sensação de poder e de algo muito grande, “a fresta entre os mundos”, a possibilidade de a cada segundo poder realizar a liberdade total.
Amy se limita a observar que a sintaxe não é a mais bem construída para os padrões da língua inglesa, e especula que Carlos pode ter tido revisores das editoras nos seus livros, que tivessem mexido nas construções frasais, apesar de ele ter declarado que não, como se isso tivesse alguma relevância. E ele estava citando uma fala de Don Juan! Logo, a sintaxe não era dele, mas de seu mestre, índio ladino, americano/mexicano/yaqui (Don Juan viveu no Arizona, nos EUA, e em Sonora, no México, entre outros lugares; a pesquisa de Carlos e seu aprendizado com ele se processou nos dois países; Don Juan falava espanhol e inglês, ao lado de muitas línguas indígenas).
Voltando à foto em que Carlos coloca a mão na frente da face, existe uma fotografia de Chico Buarque em que ele faz a mesma pose de esconder a cara com a mão e mostrar os olhos, e que está na capa do livro Chico Buarque do Brasil, com vários artigos sobre o cantor, organizado por Rinaldo Fernandes e editado pela Garamond e pela Biblioteca Nacional.
Pessoas escondida nas latas de lixo da casa de Carlos filmaram e fotografaram o nagual já idoso, várias vezes, acompanhado de seus associados. Estas fotos, a do casamento, aquela junto com o filho e a da formatura se parecem e são consideradas como sendo o “verdadeiro” Carlos Castaneda, de Os Ensinamentos de Don Juan.
Se o fez, não foi por acaso que Carlos escolheu o nome de Carlos Eduardo Castañeda como seu pseudônimo, pois o professor mexicano foi um grande pesquisador da história de seu país, que Castaneda também muito contribuiu para resgatar. Provavelmente, foi um gesto simbólico de Carlos, que entrou em cena logo depois que o historiador morreu.
A rigor, não existe um homem chamado Carlos Castaneda, e pensar isso é bobagem.
Assim, como outras figuras mitológicas, Zoroastro, Cristo, Buda, Carlos Castaneda é um mito, um relato, um conto de poder, que pode ser muito poderoso para nós, que pode nos transmutar, e que só faz sentido se o faz.
Como todo mundo, o mito é feito de pó e poder: e o poder pode se potencializar.
Por outro lado, Carlos Castaneda é o mito vivo, pois conseguiu sacudir as pessoas da sua modorra e do seu sono dogmático, seja ele do senso comum, da ciência, da filosofia ou da religião.
Castaneda se torna um personagem, por seus livros, suas entrevistas, suas palestras e toda a imaginação das pessoas a seu respeito. Assim, torna-se duplo de si mesmo, e se refaz em duplos, que são também reais, pois efetivos, afetivos.[41]
[1] “Era uma vez…”, em náhuatl.
[2] CASTANEDA, Carlos. CASTANEDA, Carlos. A Erva do Diabo – Os Ensinamentos de Dom Juan. 35 ed. Trad. Luzia Machado da Costa. Rio de Janeiro: Nova Era, 2011, pp. 123 e ss.
[3] CASTANEDA, Carlos. A Erva do Diabo – Os Ensinamentos de Dom Juan. 35 ed. Trad. Luzia Machado da Costa. Rio de Janeiro: Nova Era, 2011, p. 162.
[4] CASTANEDA, Carlos. A Erva do Diabo – Os Ensinamentos de Dom Juan. 35 ed. Trad. Luzia Machado da Costa. Rio de Janeiro: Nova Era, 2011, p 171.
[5] CASTANEDA, Carlos. Viagem a Ixtlan. Trad. Luzia Machado da Costa. São Paulo: Círculo do Livro, /s.d./, pp. 172-173.
[6] CASTANEDA, Carlos. A Erva do Diabo – Os Ensinamentos de Dom Juan. 35 ed. Trad. Luzia Machado da Costa. Rio de Janeiro: Nova Era, 2011, orelha.
[7] Sobre estes conceitos, ver:
http://es.wikipedia.org/wiki/Emic_y_etic : “La distinción Emic/etic se usa en las ciencias sociales y las ciencias del comportamiento para referirse a dos tipos diferentes de descripción relacionadas con la conducta y la interpretación de los agentes involucrados. Una descripción emic, o émica, es una descripción en términos significativos (conscientes o inconscientes) para el agente que las realiza. Así por ejemplo una descripción emic de cierta costumbre de los habitantes de un lugar estaría basada en cómo explican los miembros de esa sociedad el significado y los motivos de esa costumbre. Una descripción etic (no traducir como ético), es una descripción de hechos observables por cualquier observador desprovisto de cualquier intento de descubrir el significado que los agentes involucrados le dan. La distinción emic / etic es similar a la existente entre nomotetico/ipsativo aunque ambas distinciones no coinciden exactamente.”
V tb Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2008, in http://antropo-reflexoes.blogspot.com/2008/01/abordagem-emic-abordagem-etic-duas.html.
V. ainda “Emic and etic perspectives”, University of Wisconsin Eau Claire, in http://www.uwec.edu/minkushk/anth%20161emic.htm:
“Emic e Etic, termos sugeridos pelo linguista Kennet Pike em 1954, procuram estabelecer uma distinção entre as abordagens que a antropologia pode adoptar quando da análise de um mesmo objecto. Esta distinção poderá ser feita de acordo com a seguinte tabela sugerida por Carlos Reynoso em ‘Correntes em antropologia Contemporânea’.
ETIC | EMIC |
Comparativistas | Particularistas |
Ideal das ciencias naturais | Ideal das humanidades |
Busca da explicação | Busca da compreensão |
Sintese comparativa | Análise do particular |
Busca de leis gerais | Registo de casos únicos |
Tendencia para o materialismo | Tendência para o idealismo |
Abundante reflexão metodológica | Atitude anti-teórica |
Etnologia | Etnografia |
Procura traços comparáveis | Procura a cultura em si mesma |
Desenvolvimento quantitativo | Exaltação do qualitativo |
Enfase nas corelações impessoais | Recuperação do individualismo metodológico |
Formalismo | Substantivismo |
Relativamente às correntes e abordagens podemos facilmente acrescentar:
ETIC | EMIC |
Estruturalismo e funcionalismo | Culturalismo |
Tendência biologizante | Tendência psicologizante |
Da parte para o todo | Do todo para a parte |
Estas diferentes abordagens, perante os mesmos objetos de estudo, têm produzido correntes, conteúdos e resultados científicos distintos. Enquanto que uma abordagem ETIC está tendencialmente mais ligada à antropologia biológica, à mental binarista, bem como a toda aquela que pretende descobrir/formular os grandes postulados do comportamento humano, a abordagem EMIC procura encontrar a especificidade de cada aspecto do indivíduo e da sua cultura, constituindo em última instância muita da matéria prima utilizada pelos estudiosos que recorrem á abordagem ETIC. ‘PERSPECTIVA EMIC’ ‘Perspectiva de dentro’: O antropólogo tenta entender uma cultura da forma os seus membros a compreendem, para aprender os conceitos que eles usam e para tentar ver o mundo do jeito que eles fazem. O objetivo é penetrar o mais profundamente possível na cultura e ganhar o maior insight. Ao escrever sobre a cultura, o antropólogo permite aos leitores começar a apreciar como as pessoas de outra cultura viver suas vidas e dão sentido ao seu mundo. Observação participante é um método-chave.
‘PERSPECTIVA ETIC’ ‘Perspectiva de fora’: O objetivo da pesquisa é compreender a cultura em termos científicos, comparando a cultura a outras e procurando explicar as relações entre os elementos desta cultura. Os conceitos e teorias utilizadas derivam de um quadro comparativo que pode ser sem sentido para os membros da cultura.
A fim de aplicar conceitos comparativos de forma adequada, geralmente é necessário fazer uma primeira pesquisa de uma perspectiva êmica.
Emic e Etic são pontos finais de um continuum, ao invés de completamente opostos. Para ajudar a explicar os termos mais plenamente, aqui estão alguns exemplos:
Padrões de guerra em uma tribo em particular
Emic: membros cultura falam sobre a história do seu conflito com determinados grupos vizinhos e da traição de certos grupos.
Etic: o antropólogo pode ver a guerra frequente como conseqüência da superpopulação e da deficiência de proteína que age de guerra para remediar redistribuindo a população.
As mulheres que entram em transe
Emic: membros daquela cultura dizem que uma mulher cujos ancestrais foram sacerdotes ou sacerdotisas é provável que seja chamada como um meio por um espírito que a possui e a faz agir como louca, até que ela vai para o treinamento e se torna uma sacerdotisa, uma medium.
Etic: o antropólogo pode explicar que algumas mulheres entram em transe, observando a posição subordinada das donas de casa e a posição social bastante elevada das mulheres que se tornam líderes religiosos”, tradução minha.
[8] CASTANEDA, Margaret Runyan. A Magical Journey with Carlos Castaneda; Life with the famed mystical warrior. San Jose, New York, Lincoln, Shangai: iUniverse, 2001, p. 141, tradução minha: “Meighan cleared his throat and looked around at the board. ‘I’ve known him since he was an undergraduate student here and I’m absolutely convinced that he is an extremely creative thinker, that he’s doing anthropology. He’s working in an área of cognitive learning and the whole cross-cultural thing. He’s put his finger on things that no other anthropologist hás even been able to get at, partly by luck and partly because of his particular personality. He’s able to get information that other anthropologists can’t get, because he looks like an Indian and speaks Spanish fluently and because he’s a smart listener’.”
[9] CASTANEDA, Margaret Runyan. A Magical Journey with Carlos Castaneda; Life with the famed mystical warrior. San Jose, New York, Lincoln, Shangai: iUniverse, 2001, p. 149.
[10] CASTANEDA, Margaret Runyan. A Magical Journey with Carlos Castaneda; Life with the famed mystical warrior. San Jose, New York, Lincoln, Shangai: iUniverse, 2001, p. 154, tradução minha: “I get the impression that Carlos is a máster storyteller and that’s typical for a lot of Peruvians”.
[11] WHITAKER, Kay Cordell. A Iniciação de uma Xamã. Trad. Ann Mary Fighiera Perpétuo. Rio de Janeiro: Record, 1995.
[12] CASTANEDA, Carlos. The Active Side of Infinity. New York: Harper Collins Publishers, 1998.
[13] GOODMAN, Martin. I was Carlos Castaneda; the afterlife dialogues. New York: Three Rivers Press, 2001.
[14] Palavra tupi, é o nome de uma planta, caruru-de-espinho.
[15] Cidade bonita, do tupi: mairy’poranga, mairy ou mairy’reya – vila, cidade; poranga – bonito. Nome dado pelos tupis aos agrupamentos dos franceses.
[16] Oswaldo Euclides de Souza Aranha nasceu em 15 de fevereiro, em Alegrete, Rio Grande do Sul, foi articulador da Revolução de 30, deputado, Ministro da Fazenda do Governo de Getúlio Vargas em 31, líder do Governo na Constituinte de 32, embaixador nos EUA em 34, Ministro das Relações Exteriores de 38 a 44, organizou VIII Conferência PanAmericana em Lima em 38, foi eleito Secretário Geral da ONU em 1947 e reeleito em 1948, em 47 presidiu a reunião da ONU que partilhou a Palestina e criou o Estado de Israel, voltou ao Ministério da Fazenda no segundo governo de Getúlio em 1953, faleceu a 27 de janeiro de 1960.
[17] CASTANEDA, Margaret Runyan. A Magical Journey with Carlos Castaneda; Life with the famed mystical warrior. San Jose, New York, Lincoln, Shangai: iUniverse, 2001. (Uma Viagem Mágica com Carlos Castaneda; a vida com o famoso guerreiro místico. Não há indicação de edição, esta é a (re)impressão que utilizei, mas a original é CASTANEDA, Margaret Runyan. A Magical Journey with Carlos Castaneda. Victoria: Millenia Press 1996).
[18] CASTANEDA, Carlos. A Erva-do-diabo; as experiências indígenas com plantas alucinógenas reveladas por Dom Juan. 32 ed. Trad. Luzia Machado da Costa. Rio de Janeiro: Record, 1993.
[19] “¿En dónde estaríamos si todo se hubiera podido probar?” Entrevista a Carlos Castaneda por Kala Ruiz, “La Jornada”, Enero de 1997: “Deja de ser hombre, macho latino, deja las riendas. Tu madre te hizo creer que eras extraordinario, porque eres hombre de Chile. Te enseñaron que las mujeres son para tu uso, como decía Aristóteles: las mujeres son hombres lisiados. El que muchas de las mujeres y Carol Tiggs sean mejores que yo, eso es revolución”, tradução minha.
[20] CASTANEDA, Margaret Runyan. A Magical Journey with Carlos Castaneda; Life with the famed mystical warrior. San Jose, New York, Lincoln, Shangai: iUniverse, 2001, p. 13, tradução minha. Margaret se equivoca e escreve Bachianas Brasilerras. Não só por isso, mas por não perceber qual o contexto do país das cartas, e sua língua, pensamos o quanto alguns americanos, como Margaret, se alienam do todo da América, o grande continente onde vivemos todos nós!
[21] LACAN, Jacques. Escritos. Trad Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, “O seminário sobre ‘A carta roubada’”, pp 13-66.
LACAN, Jacques. Escritos. Trad. Inês Oseki-Deprê. São Paulo: Perspectiva, 1988 (Paris: Éditions du Seuil, 1966), “Seminário sobre A Carta Roubada”, pp. 17-67.
[22] CATAN, Ana. Pelo Caminho do Guerreiro. São Paulo: Saraiva, 1993, pp. 52 e 53.
[23] Wikipedia em Espanhol: “Se dice por ejemplo que hubo otro Carlos Castañeda que nació en Perú, habiendo así confusiones conforme a su nacimiento y datos personales”, tradução minha, in http://es.wikipedia.org/wiki/Carlos_Castaneda
[25] Deleuze e Guattari citam o cultivo de datura em A Erva do Diabo e a forma de colhê-lo, – todos que nascem nas trilhas que a chuva abriu desde a que você plantou são suas, são filhas da que você plantou -, como um exemplo de rizoma, em Mil platôs. O rizoma se opõe ao esquema da árvore, que tem um eixo pivotante. Se Castaneda é rizomático não é radial, mas uso o termo no sentido de algo que se espalha, sem, necessariamente, ter um centro.
[26] “P: Las personas demostrando los movimientos son llamadas en el vídeo “chacmoles”. ¿Quienes son? ,¿Cual es su importancia?
R: Las tres personas que presentan este vídeo son Kylie Lundhal, Reni Murez y Nyei Murez. Las tres han trabajado con nosotros por muchos años. Kylie Lundhal y Nyei Murez son discípulas de Florinda Donner-Grau, Reni Murez lo es de Carol Tiggs. Don Juan nos explicó que las gigantescas figuras reclinadas llamadas chacmoles, encontradas en las pirámides de México, eran la representación de guardianes. El decía que la mirada de vacío en sus ojos y caras era debida al hecho de que eran guardianes-de-ensueño, que cuidaban de los ensoñadores y de los sitios de ensueño. Siguiendo la tradición de Don Juan, llamamos a Kylie Lundhal, Reni Murez y a Nyei Murez chacmoles, debido a la inherente organización energética de sus seres que les permite poseer un solo propósito, una genuina fiereza y osadía que las hace guardianes ideales de lo que escojan cuidar, ya sea una persona, una idea, un modo de vida o lo que sea”. /…/ In http://www.geocities.com/diablisima/nagual.html
[27] BERGSON, Henri. A Evolução Criadora. Trad. Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
[28] DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Trad. Eduardo Nunes Fonseca. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010.
______. A Origem das Espécies. Ilustrada, condens. e com introd. de Richard E. Leakey. Trad. Aulyde Soares. Rev. técn. Fábio de Melo Sene. São Paulo: Melhoramentos; Brasília: UnB, 1982.
[29] A Bruxa e a Arte do Sonhar. Trad. A. Costa. Rio de Janeiro: Record: Nova Era, 1998, pp. 14-15.
[30] FORT, Carmina. Conversando com Carlos Castaneda. Trad. Luiz Fernando Sarmento. Rio de Janeiro: Record, 1991, p. 64.
[31] SOLÓRZANO, Domingo Delgado. El Nahual de Cinco Puntas. Morelia, Michoacán, Mexico, 2004, texto da contracapa, tradução minha.
[32] MATUS, Lujan. The Art of Stalking Parallel Perception; The Living Tapestry of Lujan Matus. Victoria: Trafford, 2005, pp. 57 e 67.
[33] http://www.perceptica.com.mx/, tradução minha.
[34] Expressão mazateca, que Don Juan preferia a “brujo” e “diablero”, ver entrevista transcrita em http://www.artforthemasses.us/castacon/viewtopic.php?f=9&t=474&start=0&st=0&sk=t&sd=a
[35] DONNER-GRAU, Florinda. Sonhos Lúcidos: uma iniciação ao mundo dos feiticeiros. Trad. Luzia Machado da Costa. Rio de Janeiro: Record, 1993.
[36] Em inglês “assemblage point”, em espanhol “punto de encaje”, nos próprios textos de Castaneda (alguns dos livros foram vertidos por ele mesmo para o espanhol). No Brasil, desde o início, traduziu-se erradamente como “ponto de aglutinação”. Ora, encaixe é uma coisa, aglutinação outra. No caso, trata-se do ponto de encaixe.
[37] V. http://www.utexas.edu/faculty/council/2000-2001/memorials/SCANNED/castaneda.pdf. V. tb. Knight Without Armor: Felix D. Almaraz Jr. Carlos Eduardo Castaneda, 1896-1958. Texas: College Station: Texas A&M University Press, 1999.
[38] Washington: Documentary Publications, 1971.
“Carlos E. Castañeda desempenhou um papel central no desenvolvimento inicial do Latin American Benson Collection, que é considerado um dos repositórios de materiais da América Latina mais famosos do mundo. Ele era um Phi Beta Kappa de pós-graduação da Universidade do Texas em Austin, onde ele obteve os graus BA, MA, Ph.D. e graus. Dr. Castañeda foi bibliotecário da Coleção Latino-Americana de 1927 até 1946, e tem o crédito principal pela aquisição da incomparável coleção privada de Garcia Icazbalceta, do Mexico. Reconhecido como uma autoridade sobre o início da história do México e Texas, Dr. Castañeda atuou como um professor associado de História em tempo parcial de 1936 a 1946, quando foi nomeado professor de história da América Latina, cargo que desempenhou até sua morte em 1958 .
/…/ Castañeda recebeu o doutorado na Universidade do Texas, em Austin, em 1932. Sua dissertação, Morfi’s History of Texas, é uma edição crítica de um manuscrito original do Pe. Juan Augustin Morfi, que o Dr. Castañeda descobriu nos arquivos do Convento de San Francisco el Grande, na Biblioteca Nacional do México.” http://www.lib.utexas.edu/pcl/history/castaneda.html, tradução minha.
[39] “Carlos Castaneda – One the nation’s top Spanish-language publishers who in a career spanning five decades was editor and publisher of the newspapers El Nuevo Herald and El Nuevo Dia and Life Magazine (Spanish language version naturally)” /…/ (http://www.lifeinlegacy.com/2002/WIR20021012.html#D92). O site escreve o nome sem til, mas este é com til, Carlos Mauricio Castañeda. Há uma Fundação Educativa com o seu nome.
[40] To Amy Wallace
with best wishes.
“The way to freedom is sometimes a whisper in the ear,”
don Juan said that.
WALLACE, Amy. Sorcerer’s Apprentice; my life with Carlos Castaneda. 2 ed. (s/ indicação de edição). Berkeley: Frog, 2007, p 24, tradução minha.
[41] Bibliografia alternativa:
a) Algumas Entrevistas:
Corvalan, Graciela, “Magical Blend n14”, A conversation with the elusive Carlos Castaneda.
Corvalan, Graciela, “Magical Blend n15”, Carlos Castaneda, part II.
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Corvalan, Graciela, Der Weg der Tolteken – Ein Gesprdch mit Carlos Castaneda, Fischer, 1987
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b) Alguma Crítica e Alguma Teoria:
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Frank Giano Ripel: Nagualismo